domingo, 22 de março de 2015

HORA DE VIRAR A MESA

POLITICANDO



     A presidente Dilma está vivendo um momento difícil, em que teve de sair da sua zona de conforto para enfrentar os grandes desafios do seu segundo mandato.
     Não se trata da política econômica, como não se cansavam de reclamar os aecistas na campanha, pois isto ela já fez nomeando Joaquim Levy para a fazenda, tirando-lhes a bandeira das mãos. O ajuste fiscal veio, mas sem as demissões, privatizações e diminuições de salários, como o FMI queria e aplica na Europa, para aumentar a mais-valia sobre o capital.
     Mas Aécio Neves e o bando de direitistas que o acompanha resolveram apostar tudo no golpe de Estado e para isso ele tenta reencarnar a triste figura de Carlos Lacerda, fazendo alvoroço no Congresso e tentando reviver nas ruas, com auxílio de uma extrema direita renascida das cinzas, as velhas Marchas da Família com Deus pela Liberdade, de triste memória.
     Mas como dizia o velho Marx, a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.
     Enquanto a direita golpista tenta derrubar o governo reerguendo a velha bandeira do "mar de lama" que usaram contra Getúlio e João Goulart, o Ministério Público abre uma devassa gigantesca na corrupção endêmica que sempre assolou o país, desde os tempos da colônia, promovendo uma "Operação Mãos Limpas" à brasileira.
     Como disse o governador eleito do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, se o governo não fizer a reforma política a Polícia Federal a fará
     Cabe agora à presidente retomar a faxina que ela começou no início do primeiro mandato, mas teve que parar para enfrentar armadilhas que Lula lhe deixou plantadas no caminho, para impedir que ela brilhasse mais do que ele no comando da nação. Leia-se Copa do Mundo e Olimpíadas.
     E diga-se de passagem, Dilma saiu-se muito bem de tudo isso, conseguindo implementar um programa gigantesco de obras, em período de crise mundial, e ainda se reeleger no meio do tiroteio da direita, inconformada de ficar tanto tempo fora do poder.
     Agora ou ela assume de fato o poder, implementando seu próprio programa de governo, ou terá o triste fim desejado por Lula, que pretende seu fracasso para ser chamado de volta como o salvador da pátria.
     E o primeiro passo dessa reviravolta histórica, que pode levar o Brasil a romper definitivamente a barreira do atraso político e econômico, é a ruptura da presidente com o PT, partido cujo prestígio político anda mais sujo que pau de galinheiro.
     Desfiliando-se do PT e colocando-se acima dos partidos políticos, Dilma teria estatura para convocar a Constituinte Exclusiva Revisora, através de um plebiscito, com poderes para fazer as reformas que o Brasil tanto precisa; política, tributária, da justiça, reforma urbana, da educação e da saúde, enfrentando os grupos de interesse que sempre deram as cartas em nosso país.
     Ela tem nas mãos uma oportunidade única de mudar o Brasil, aproveitando-se da agitação golpista da direita para, ela mesma, aplicar um golpe definitivo e democrático naqueles que sempre mantiveram o povo dominado.
     Depois disso, seria possível construir um novo partido que reunisse as principais bandeiras contemporâneas, como a justiça social, a preservação do meio ambiente e a participação cidadã nos governos, utilizando o enorme capital humano do país e as energias políticas das novas gerações.
     A presidente já demonstrou coragem e tino político nos últimos quatro anos. Resta saber se ela vai ter a determinação necessária para dar uma guinada e levar o país rumo a um futuro promissor, ou se teremos mais quatro anos de conchavos, comandados por partidos desgastados e desprestigiados.
     No último artigo deste "politicando", ainda em 2014, dissemos que ela deveria romper com o PT e intervir na CBF, se quisesse recuperar a confiança do povo. Pois bem, ela acaba de editar uma medida provisória com a finalidade de reformar o futebol brasileiro, obrigando a CBF a se reformular completamente ou ser substituída por uma "Liga de Clubes", conforme sugestão dos jogadores reunidos no grupo que se autointitula "Bom Senso".
     Falta agora ter coragem de romper com o PT e falar a verdade ao povo brasileiro, de que toda essa corrupção ocorreu no governo Lula, patrocinador dos conchavos que resultaram no inchamento da máquina administrativa para distribuição de cargos a partidos aliados, fator preponderante na epidemia de corrupção.
     Aproveitando a vergonheira que se tornou o Congresso Nacional, com os presidentes do Senado e da Câmara envolvidos no maior escândalo de corrupção da história brasileira, é hora de Dilma ir à TV e falar ao povo, jogando tudo para o alto e apontando para um novo futuro. É isso que o país espera dela.
     Quem não gostar que fique com Michel Temer, o mordomo, líder dos ladrões do PMDB.
    
     
    
    

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