quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Poesia da Semana

Humberto de Campos


                                 LENDO-TE



               “As roseiras aqui já estão florindo...”

                Mandas dizer... “As híspidas e pretas

                Rochas da estrada já se estão cobrindo

                De musgo verde...  Há muitas borboletas...”



                E eu fico a pensar que agora é o lindo

                Mês das rosas esplêndidas e inquietas

                Asas: mês em que a serra anda sorrindo,

                E em que todos os pássaros são poetas.



                Vejo tudo: a água canta entre os cafeerios.

                Vejo o crespo crisântemo e a açucena

                Estrelando a verdura dos canteiros.



                Penso, então, que em tudo isto os olhos pousas...

                E começo a chorar... Olha: tem pena,

                não me escrevas falando nessas cousas!...


Humberto de Campos Veras nasceu em Miritiba, hoje Humberto de Campos, Estado do Maranhão. Deixou obra extensa e variada, incluindo crônicas e contos humorísticos, além de sonetos refinados, que o tornaram um dos autores mais populares em sua época. Aprendiz de tipógrafo e depois escriturário, iniciou-se (1908) no jornalismo em Belém do Pará, e chegou a diretor de A Província do Pará. Fatores políticos forçaram-no a mudar-se (1912) para o Rio de Janeiro, RJ, onde passou a trabalhar como redator de O Imparcial. A longa série de seus livros de prosa iniciou-se com Da seara de Booz (1918). Publicou depois, entre outros, A serpente de bronze (1921), A bacia de Pilatos (1924), O monstro e outros contos (1932) e Poesias completas (1933). Eleito membro da Academia Brasileira de Letras (1920), também foi eleito deputado federal pelo Maranhão (1927), mas teve o mandato interrompido pela revolução (1930). Suas Memórias (1933) são apontadas como seu livro mais importante. Morreu no Rio de Janeiro, RJ, e seu Diário secreto, publicado postumamente (1954), causou escândalo.

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