segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

POLITICANDO

Reforma da Saúde
  
     Nas duas edições passadas, as primeiras do Blog "O Paiz", falamos da necessidade da Reforma Educacional e da Reforma Urbana. Antes, ainda no Blog Segunda-feira, havíamos falado da Reforma Agrária, temas que se arrastam no Brasil desde a década de 1960, quando foram propostas pelo governo João Goulart e que eram chamadas por Leonel Brizola de reformas de base.
     Hoje falaremos da Reforma na Saúde, que também se inclui nas tais reformas de base, e eram chamadas assim porque se entendia que eram a base para construir um país moderno e avançado, removendo velhos entraves que nos ligavam ao nosso passado colonial e coronelista.
     Essas reformas não foram feitas, porque na época da guerra fria foram tratadas pelos setores conservadores como se fossem um projeto ligado ao comunismo, num tempo em que o mundo se dividia entre capitalismo e comunismo, Estados Unidos e União Soviética.
     Mas na verdade os setores que as promoviam não eram comunistas. Brizola e João Goulart nunca quiseram instalar o comunismo no Brasil, embora fossem aliados do Partido Comunista.
     O próprio PCB, o velho partidão, dizia que antes de entrarmos numa etapa de construção do socialismo, teríamos que passar pela revolução burguesa, ou seja, pela instalação de um capitalismo competitivo, para desenvolver nossas forças produtivas.
     Era assim mesmo o linguajar daquela época, que hoje pode parecer estranho. E toda essa ideologia foi por água abaixo com o golpe militar de 1964, patrocinado pelos americanos para impedir que o Brasil caísse nas mãos dos comunistas.
     Na verdade o que os americanos temiam era que o Brasil realizasse as tais reformas de base e se tornasse em pouco tempo uma potência no continente, rivalizando com eles. Eles sabiam que temos um enorme potencial e temiam antes de tudo a reeleição de Juscelino Kubistchek, que era vista como inevitável para o ano seguinte, 1965.
     Juscelino tinha dado um impulso formidável ao Brasil e poderia realizar as tais reformas, nos levando a nos tornar uma potência.
     Então, com a desculpa de salvar a democracia, os americanos instalaram no Brasil uma ditadura que durou 21 anos, nos jogando de volta nas mãos do conservadorismo mais atrasado e impedindo que o Brasil se renovasse.
     Daí pra frente, todas as energias da política brasileira se voltaram para a luta contra a ditadura. Foi uma longa noite. Com o fim dos governos militares, vieram os governos ainda controlados pelos americanos: Sarney, Collor e Fernando Henrique Cardoso. Só com a eleição de Lula, em 2002, conseguimos nos libertar da manipulação dos norte-americanos e começamos a reconstruir uma agenda política e econômica independente.
     Mesmo assim, era preciso consertar os estragos de tantos anos de governos coloniais, o que tem sido feito com eficiência por Lula e Dilma, especialmente Dilma, desde que assumiu a Casa Civil do governo Lula, no lugar do aventureiro José Dirceu, hoje condenado pelo Supremo Tribunal Federal por suas trabalhadas aventureiras.
     Agora, com a economia estabilizada, inflação controlada, juros baixos, desemprego mantido em um patamar mínimo, democracia plenamente restaurada, política internacional corrigida, com o alinhamento correto do Brasil aos BRICS e à America Latina, em detrimento dos interesses norte-americanos, está na hora de retomar a agenda das reformas estruturais essesnciais para tirar o Brasil definitivamente do atraso.
     As reformas mais importantes ainda estão aguardando ser colocadas na lista de prioridades, e elas são essas mesmo: reforma agrária, reforma educacional, reforma urbana e reforma na saúde.
     Só com essas reformas teremos um povo desenvolvido, bem educado, saudável, morando em condições de habitação dignas, sem defasagem entre o desenvolimento do campo e das cidades.
     Qualquer governo minimamente comprometido com o povo, não pode adiar mais essas reformas. Vejam o caso da saúde.
     Desde que foi implantado o SUS, baseado em um modelo descentralizado e conselhista nada melhorou. A medicina privada cresceu muito, oferecendo aos médicos a perspectiva de aumentar seus ganhos e levando-os a manter seus empregos públicos apenas como garantia de uma renda mínima, enquanto dedicam a maior parte do seu tempo aos pacientes que podem pagar por uma consulta ou por um plano de saúde.
     É claro que ainda existem médicos que trabalham por compromisso com a população, e são profissionais valorosos, mas cada vez mais são uma minoria, vistos pelos médicos ricos como idealistas.
     A maioria dos médicos se tornaram profissionais arrogantes e descompromissados com a saúde da população. Se recusam a atender gente pobre. Não querem sujar suas mãos sofisticadas com trabalhadores, gente suada e mal-cheirosa. Preferem atividades mais lucrativas e que lhes deem mais status social, enquanto o povo cada vez mais padece nas filas dos hospitais públicos.
     Mesmo a classe média, que pode pagar por um plano de saúde, na hora em que precisa de um procedimento mais caro tem que recorrer aos tribunais, pois as operadoras dos planos simplesmente se recusam a atendê-los.
     Há poucos dias a insuspeita Rede Globo exibiu uma matéria sobre o sistema de saúde britânico, considerado o melhor do mundo. Lá o sistema público paga muito bem aos profissionais, que preferem trabalhar para o governo do que abrir consultórios particulares. O povo é muito bem atendido em clínicas e hospitais públicos e através do sistemas de medicina preventiva que atua nas próprias residências da população, cadastrando em cada bairro os doentes que precisam de acompanhamento.
     O mesmo é feito em Cuba, país pobre que consegue dar à sua população um serviço exemplar na área da saúde, provando, nos dois exemplos, que a medicina não pode ser um negócio, mas precisa ser um assunto de governo, tratado como atividade sem fins lucrativos.
    A saúde bancada pelo governo, assim como a educação, não é uma despesa, mas um investimento, que tem um ótimo retorno. Uma população sadia, educada, atendida por bons transportes públicos, vivendo em boas habitações, se sentindo segura e confiante, é capaz de produzir muito mais, não apenas nas fábricas e nos serviços públicos, mas também na ciência e nas artes e no pensamento em geral, elevando nosso país a um outro patamar, transformando um povo abandonado, humilhado e dessassistido, num povo de primeira qualidade, capaz de brilhar em muitas áreas além dos tristes arremedos da nacionalidade que se tornaram no Brasil, o futebol e o carnaval.

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