terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Sobre o desprezo

POLITICANDO

Sobre o desprezo


     Numa dessas madrugadas acordei com um pensamento estranho, lembrando-me de todas as pessoas que já me haviam olhado com desprezo na vida.
     Não que eu me considere desprezível, pelos padrões tão questionáveis da nossa sociedade, mas já sofri alguns episódios deste tipo e nunca reagi à altura, pois sempre olhei as pessoas que me desprezavam como incapazes de compreender o próximo.
     Acordei pensando nessas coisas e percebi que alguns desprezaram por arrogância e outros por medo da minha liberdade. Mas talvez arrogância não passe mesmo de medo, principalmente do medo de que os outros percebam a falta de coragem para ser livre. Então medo e arrogância talvez sejam uma coisa só.
     Mas o desprezo que essa liberdade desperta em algumas pessoas nunca me levou a ter raiva e normalmente não devolvo esse desprezo, mas apenas me recolho e sigo meu caminho, olhando com tristeza para aqueles que ficam para trás.
     Não que eu me sinta superior mas porque levo à sério a minha decisão de ser livre, mesmo que isso me custe caro e incomode os outros. O que eles pensam a meu respeito nunca me importou, a não ser quando percebo alguma crítica capaz de me ensinar alguma coisa.
     Dom Helder Câmara uma vez disse, ao ser criticado pelo jornal O Globo por ser contra a ditadura militar, que os inimigos nos ensinam mais do que os amigos, pois só eles, os inimigos, nos mostram nossos verdadeiros defeitos. Sempre que sou criticado me lembro disso e procuro entender o que as pessoas estão tentando me mostrar. Mas desprezo é uma coisa e crítica é outra. Na crítica ainda existe respeito, no desprezo, frequentemente, apenas despeito.
     E hoje, quem tem mais estatura moral, D. Helder ou O Globo? Quem foi consagrado e quem está sendo condenado pela história?
     Uma das críticas mais comuns que recebi durante a vida foi a de não parar em lugar nenhum. Sempre estranhei esse tipo de crítica, feita por gente que nunca saiu do lugar e nunca fez nada que prestasse na vida.
     Sempre preferi viajar, conhecer outros povos, fazer novos amigos, seguir em frente, a ficar juntando coisas, empilhando carros, apartamentos e outros bens. E quando eu posso desfrutar de uma situação econômica melhor, coisa sempre passageira, não gasto com luxos, que me parecem um desperdício.
    Alguns me criticam por isso e por não buscar uma carreira sólida. Já me disseram que eu era um burguês que queria parecer pobre, mas pobre com cartão de crédito, vejam só. Mas as mesmas pessoas que me criticam por isso se mostram tão infelizes nos seus trabalhos e me criticam por nunca ter aproveitado uma condição social favorável para consumir coisas que fazem parte dos seus sonhos consumistas, desses estimulados pela propaganda. 
     Quando recebi uma herança de meu pai, procurei distribuí-la entre meus filhos, dando de mão quente, como dizia um falecido tio, para ajudá-los ainda em vida e aproveitei a oportunidade para passar dois anos sem nenhum vínculo empregatício, trabalhando apenas em um romance que vinha planejando há anos. Mas trabalho sem remuneração não é considerado digno, principalmente num país em que a criação artística é sempre olhada com desprezo, como se não fosse um trabalho.
     Então alguns disseram que eu não sabia se queria ser escritor ou arquiteto e que certamente eu não sabia mesmo o que queria. Mas a pessoa que disse isso só pensa em se aposentar para parar de trabalhar.
   Mas creio que o episódio que desencadeou todos esses pensamentos foi a notícia, que ouvi esta semana, de que determinado cidadão havia sido eleito presidente do PT na Bahia,  partido do qual já fiz parte e me desliguei há mais de 20 anos por ter presenciado episódios de corrupção e falta de ética, dos quais este indivíduo participou.
     Escrevi um livro denunciando tudo e fazendo uma análise da política brasileira e fui hostilizado e encarado com desprezo por muitos militantes, inclusive por esta pessoa, que se achava acima do bem e do mal.
     Hoje vejo lideranças deste partido sendo presas, mas insistindo na sua arrogância, e me assusto ao ver como as velhas raposas continuam subindo na estrutura interna e como nada mudou na visão deles sobre política.
     Uma vez, trabalhando no Ministério da Educação em Brasília, uma assessora de um político deste partido, ao conhecer minha história pessoal, disse que eu fazia parte de uma geração perdida. Achei engraçado. Hoje o líder que ela assessorava está preso e meu livro é cada vez mais requisitado. Depois disso, muitos que me olharam com desdém, naquela época, seguiram meu caminho se afastando também do partido.   
     Quanta gente boa desiludida!
     Na pequena Rio de Contas, cidade que adotei para viver, militantes do PT, que se arvoram de donos da ética e da pureza política não tiveram o menor escrúpulo em fraudar o próprio encontro do partido, falsificando atas e violentando todas as normas internas para conseguir colocar no poder os nomes que apoiariam as negociatas que planejavam fazer, e acabaram fazendo, segundo documentos fornecidos por militantes locais, que coloco à disposição dos interessados.
     Bem, então em homenagem a esses que gostam de praticar o desprezo por aqueles que tem coragem de ser livres, sempre com uma pontinha de inveja, é claro, dediquei nesta edição a música do Skank, Nômade e também o belíssimo  Poema do Andarilho, de Lindolf Bell, um poeta catarinense que eu desconhecia e que tive o prazer de descobrir agora.
     Gostaria também de fazer aqui a minha homenagem a todos aqueles, que apesar das dificuldades da vida, tem coragem de viver e sofrer, abrindo seus caminhos por trilhas desconhecidas, mesmo que o preço a pagar para manter sua liberdade seja alto.
     E aos velhos políticos, que acabarão um dia chegando , seja onde for esse (nos palácios ou na Papuda), lhes desejo, agora sim, o mesmo verdadeiro e profundo desprezo que a população brasileira lhes devota e gostaria de dizer que acredito nos gigantes, como Nelson Mandela, que amargou 27 anos de cadeia sem arredar pé daquilo em que acreditava. 
     Sem dúvida precisamos de gigantes como ele no Brasil, que nos libertem dessa mediocridade e desse cinismo que enchem nossas vidas de desesperança. Precisamos de gente com coragem para errar, voltar atrás e mudar, aprendendo com seus erros e com os mais humildes, gente com coragem bastante para não criar raízes, abrindo mão de luxos e conforto para ter a liberdade de criar e dizer o que pensa, em nome de um país melhor, mais justo e mais fraterno.
     Feliz Natal à todos.

Retrospectiva 2013


PAPO DE ARQUIBANCADA

E a última que morre.

 
 
               Meus amigos, final de ano e o torcedor baiano faz o balanço dos seus times em 2013.
Bahia, vice campeão baiano, livrou-se do rebaixamento, no brasileirão, na penúltima rodada. Eliminado da copa sul-americana – onde a Ponte Preta, rebaixada para a série B do campeonato brasileiro, foi vice campeã – precocemente, nem vou comentar a Copa do Brasil, onde o Luverdense foi o algoz.
         A grande campanha tricolor em 2013 foi nas urnas, interditando o Marcelo Guimarães, alterando seu estatuto e elegendo nas urnas o seu novo presidente.
              O Vitória teve um ano honroso. Campeão baiano e quinto colocado da série A, brigando até a última rodada pela vaga na Libertadores: não fosse seu sistema defensivo, muito deficiente, talvez tivesse melhor sorte. Na Copa do Brasil o time rubro-negro decepcionou, tanto quanto na sul-americana.
Esperamos que os representantes baianos façam jus às suas torcidas e possamos ver em campo equipes aguerridas, mas, sobretudo, técnicas. Vamos ter esperança !



COPA DO MUNDO 2014



            A Bahia, realmente, é uma terra abençoada. O sorteio da copa do mundo provou que os orixás que emergem do Dique do Tororó deram aquela força: Espanha contra Holanda, reeditam a final da última copa do mundo no jogo de abertura, aqui na belíssima Arena. França e Suiça é o jogo de mais uma campeã mundial em Salvador. Alemanha e Portugal, prometem um duelo de gigantes. Teremos craques como Iniesta, Xavi, Fábregas, Robben, Cristiano Ronaldo, Ribéry, Nasri, Benzema, Van Der Vaart, Özil, Götze, Müller entre outros,  desfilando no tapetão verde da Fonte Nova. Que os orixás continuem abençoando e que a Copa do Mundo, realmente, traga benefícios pra este povo que ama o futebol.

Clipe da semana

clipe da semana

Nômade

Skank
http://www.youtube.com/watch?v=Cm5cBC8tkso 

Menelau e os Homens

DESTAQUE
Menelau e os homens
 
     Esse é o título do livro de Denisson Padilha Filho, que acabo de ler (Editora Casarão do Verbo, de Anagé, Bahia, 2011).
     O texto se divide em duas histórias, ambas passadas no baixio de Rio de Contas, região de caatinga desse antigo município da Chapada Diamantina.
     Na primeira, que dá nome ao livro, a amizade entre um cachorro e seu dono acontece em meio as escaramuças da política local, dominada pelo mandonismo que predominou durantes séculos naquela região, e ainda mantém raízes profundas por lá.
     A segunda história, intitulada Calumbi, mais longa e densa, nos leva através de uma relação de ódio e falência moral em uma propriedade dominada pelo espírito escravocrata, que impregnava o interior remoto do Brasil arcaico, mesmo após a abolição legal da escravidão.
    Nela, a solidão da vida neste Brasil profundo, se revela na figura do vaqueiro Moisés, nos dando uma dimensão do que eram aquelas paragens ao final do século XIX.
    Também a liberdade com que o autor discorre sobre fantasmas e assombrações, diz muito do universo cultural e do imaginário do povo da região.
     Usando um linguajar típico, o autor nos conduz pelos meandros da vida nos ermos da caatinga dos "sertões de cima", e  das histórias dos seres humanos que viveram e sofreram por lá, antes do nosso tempo, atormentados por seus medos, crenças e fantasmas.
     Vale a pena ler.


O Poema do Andarilho

Poesia da semana

O POEMA DO ANDARILHO


Para Nélida Pinõn

I
Menor que meu sonho
não posso ser
Mil identidades secretas.
Mil sobras, sombras, mil dias.
Todas palavras e tudo.
Barco de ambigüidade,
sôfregas palavras.
De todas contradições, desencontros,
dos contrários de mim,
andarilho da flecha de várias pontas, direções.
Dos outros seres
que também andarilham.
Pois menor que meu sonho
não posso ser
Andarilho
de ervas sutis
crescidas de noites luzes
becos latinos frêmitos Andes ilhas.
Andarilho
de santos falidos, feridos
de vaidade.
Dos frutos da segurança vã,
vã beleza de repente solidão.
Feitiços, laços, encantamentos.
Prodígios, Tordesilhas, ressentimentos.
Andarilho de perder pele, asa e uso,
mariposa da lua difusa do amanhecer.
Andarilho
de paisagens precárias do sentimento
guardado a sete chaves,
não fotografável,
nem desvendável em câmaras escuras, secretas torturas,
ou à luz de teus olhos surpresos, presos
nos meus olhos, ilhas.
Pois menor que meu sonho
não posso ser

Andarilho.
De insignificâncias magníficas colheitas do nada.
De tudo que ninguém se lembra
nem nunca escreveu.
De uma nuvem veloz reflexo de outra nuvem
andarilha nuvem do sul
de onde vem a luz,
andarilho.

Crescem em mim as palavras sensações mais estranhas
e andarilham.
Arrulho de palavra pousada ave
sobre um minuto de trégua e milagre do tempo
quando o sol se põe atrás do horizonte inquieto
do dicionário
e da dúvida:
armadilha.
na saliva na garganta
na palavra escrita primavera
na capa de um caderno antigo
do Grupo Escolar Polidoro Santiago de Timbó
andarilho de linhas esquecidas tortas velhas trilhas
datas de nascimento e burlescos aniversários
andarilho andorinha
em ziguezague na festa
na face de Deus.
Aos trancos e barrancos, andarilho.
De trincos e garimpos, andarilho.
Andarilho de desafios, desafinos.
De socos recebidos e raros revides,
de atonias em atrofias, andarilho.
Andarilho.
Na diferença palpável da volúpia.
De assédios, impertinências, ideologias.
De recalques,
decalques, vídeos, celulóides, fitas
gravadas da liberdade,
gravatas, contatos, contratos,
andarilho.
Pois menor que meu sonho
não posso ser.

II
Empoleirado em minha gaiola de ineficiência,
andarilho.
Longe de grandes e confortáveis salas
da subserviência, andarilho.
Transitivo, substantivo, adjetivo.
Solto na correnteza do medo, da instabilidade
de tudo, na multidão de afetos.
Eu, claro enigma: sete palmos de terra,
sagrado sopro de todo o sentimento.
Eu, quebrado espelho d’água de Narciso
e fogo de Orfeu entre a paixão
e o definitivo tempo.
Eu estranho a maioria das vezes
na própria terra do poema
onde me sedimento, acidento,
me desencaminho, me aninho,
me enovelo em trama de pouco, em menos,
em quase nada
e mesmo assim andarilho.
Pois menor que meu sonho
não posso ser
eu matéria recalcitrante do futuro.
Eu a nação inteira sob o impacto do sonho.
Eu dissecando a morte sobre a mesa da manhã.
Eu onipresente e diluído na dor geral.
III
Fechei meu expediente da comoção fácil.
Corretores da insegurança:
deixai a sala de frente da precariedade.
Atravesso jejuns, desdéns,
indecisões, hospedarias do tempo.
A luz acesa de hotéis bordéis pobres e mal cheirosos
suicídios alheios pleonasmos.
Atravesso anúncios
e antenas.
Os homens apressados do século XX
e sua matéria veloz de sobrevivência atravesso.
A rua que antes atravessei atravesso outra vez
e a praça onde contornei a liberdade
da palavra
e da liberdade.
volto a atravessar.
Pois menor que meu sonho
não posso ser
Atravesso cartazes de cinema
ofertas do dia de supermercados.
Estádios de futebol, sirenes que falam
de morte inventada em subterrâneos sombrios.
Atravesso lianas, liames, hienas, reconciliações,
pecados capitais e provincianos ais.
Atravesso manchetes
de maré cheia, crescente de vazantes mares,
absurdas frases e as mais absurdas caligrafias,
atravesso sentidos sem sentido nenhum, de repente,
onde me decifro e hieróglifo.
Vácuos, opalas, opalinas, vícios.
Mesuras, curvaturas, arbítrios, alienações.
Tudo atravesso.
Atravesso a casa dos ventos uivantes.
O assombro, a censura,
a navalha na carne.
Atravesso o crime perfeito, utopias,
as profecias todas do país das falas guaranis,
guaranás.
Pois menor que meu sonho
não posso ser
IV
Não afino com instrumento
que se toca à distância
Não proponho propostas de diluição
Não sou agente do vazio
nem de asas que o homem não tem
Se acreditais em sistemas de elocubração
Na gema brilhante do nada
Em recheio de palavras e sofisticados relatórios
Se acreditais em clara batida
nas panelas obscuras da prepotência
Se quereis teorias de mim
Se me quereis longe da paixão:
tirai o cavalo da chuva
Pois menor que meu sonho
não posso ser.
V
Passa o tempo.
Como passa, passou o tempo.
oh! frase feita,
inútil consolo e alívio.
Passo este tempo que me passa.
Passo pontos de interrogação, helespontos,
helespantos.
Passo a ponte, o poente.
Deliberadamente passo
mas sem pressa, passo
a passo.
Passo os fusos horários
e passeio entre o sonho
e as palavras.
Também entre as obscenas por decreto.
Pois menor que meu sonho
não posso ser.
VI
Atravesso compêndios, currículos, apostilas
de silêncio
e minha sombra pisada
por outra sombra
também feita de tudo
e nada
Atravesso simulacros
e arranco o lacre da palavra
Pois menor que meu sonho
não posso ser
atravesso o avesso
E meu barco de travessias
é a palavra terra
cercada de água por todos os lados
Pois menor que meu sonho
não posso ser
Estou do lado de lá da ilha
Aqui disponho de mim
e conheço meu próprio acesso
Aqui conheço a face inversa da luz
onde me extravio
e não cessarei jamais
Pois menor que meu sonho
não posso ser.


Lindolf Bell

Sobre o autor

É a partir de Lindolf Bell que a poesia catarinense recupera o teor de originalidade, legado por Cruz e Souza, e passa a sugerir algo novo. Não dita normas para o fazer literário, não restringe o campo de ação do poeta. Mas amplia, posto que, opondo-se a algumas teorias estéticas das vanguardas de 50 e 60, pressupõe a permanência do vínculo entre o poeta e o seu poema. Exigindo do poeta a divulgação direta com o público, tornando-se um intermediário vivo entre o poema e o seu consumidor, a poesia realimenta-se de suas atribuições originais de laudos e desempenho social.
Sendo essa sua orientação básica, a Catequese Poética, liderada por Lindolf Bell, possibilita a agregação de poetas das mais variadas tendências, num convívio sem conflitos estéticos.
Daí o uso de ingredientes que favorecem os efeitos acústicos e o ritmo, como a repetição e a reiteração. O convite à participação do público não se dá somente ao nível fônico e visual, mas igualmente, na sugestão contida na matéria tematizada.
Em Código das Águas afirma-se a trajetória desempenhada pelo poeta enquanto peregrino em busca da poesia ideal. A palavra, aí, é o instrumento capaz de apreender a essência do universo criado. O código das águas reelabora o ideário estético de Lindolf Bell, que tem a ver unicamente com o fluir irredutível, ininterrupto e inclassificável de sua poesia - águas - insubmissa a códigos, exceto o das águas, cuja, codificação nega a si mesmo, exigindo-se a mutabilidade, o dinamismo constante.

Rapidinhas


 

 Festival de criação em Rio de Contas
     O que começou como uma pequena promoção de criatividade nas ruas desta linda cidade da Chapada Diamantina, evoluiu para um festival de arte, diferente, interativo, onde a população e os visitantes podem participar.
     Com apresentações de música, cinema, ações urbanas, teatro e oficinas sobre temas diversos, a Rua dos Inventos cresceu e tomou conta da cidade, com o apoio do governo estadual, através do IPAC, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda, do acervo rio de contas da Universidade Federal da Bahia, do Museu Zofir Brasil, do Ponto de Cultura Ciranda de Bonecos e do restaurante Espaço Imaginário e da Ong, Oasis (e a lamentável ausência da |prefeitura local).
     O festival ocorrerá nos dias 27, 28 e 29 de dezembro. Para conhecer a programação e planejar sua participação, acesse o endereço: www.ruadosinventos.wordpress.com.
      Venha participar e seja muito bem-vindo à arte e à cultura.

Que reforma?

     Propagandas do PT na Televisão, com a presidente Dilma e um corinho que fica repetindo o que ela fala, prometem uma profunda reforma no nosso sistema de saúde. Mas que reforma é esta, que não está sendo discutida com a população nem com o Congresso Nacional?
     Será que o governo do PT terá força para ir de encontro aos interesses dos grandes empresários da medicina privada, que financiam suas campanhas eleitorais, a quem interessa manter a saúde pública sucateada?
     E a reforma da educação? Será que vai ter alguma proposta? Será que eles tem cacife para enfrentar os empresários do setor e propor a federalização da educação e da saúde, esvaziando escolas e hospitais privados do país? 
     Talvez, se o Supremo Tribunal Federal acabar com o financiamento privado das campanhas eleitorais a gente consiga ver alguma coisa nesta área. Até lá, o PT e sua grande e amorfa base aliada, continuarão reféns de interesses escusos.
     Enquanto o Congresso Nacional se omite, quem legisla é o STF.
     Ave STF!

A Globo e os interesses americanos



     Aquele apresentador do Jornal da Globo, que já foi acusado de agente da CIA, apresentou a notícia da escolha dos caças Gripen, pela FAB, com indisfarçável mau-humor.
     Depois de 10 anos de indecisão e debates, o Brasil se decidiu pelo caça mais barato, mais econômico (custo de hora voada menor) e capaz de pousar em pistas curtas pelo imenso interior do Brasil, dispensando a construção de grandes bases aéreas, principalmente na Amazônia.
     Além disso, a Suécia, fabricante do caça, vai transferir para o Brasil toda a tecnologia de ponta, o que nos capacitará a projetar outros (e talvez mais possantes) aparelhos supersônicos. Uma empresa brasileira de São José dos Campos, inclusive já participa do projeto deste caça, que ainda vai ser lançado (é uma nova versão de um já existente).
     Apesar de tudo isso, o jornalista disse que a decisão do governo brasileiro tinha sido apressada (apenas 10 anos), porque não tinha contemplado o avião que os Estados Unidos estavam nos oferendo, o superado F-18, sem nenhuma transferência de tecnologia, para que eles pudessem controlar a quem poderíamos vender o avião, que será produzido pela Embraer.
     Até quando vamos permitir que uma empresa à serviço de interesses estrangeiros controle a informação no nosso país?.
     Já passou da hora de discutir a democratização dos meios de comunicação no Brasil.


Surpresa boa

     E por falar em má vontade, tomei um susto ao desembarcar no aeroporto de Brasília no domingo, dia  15 de dezembro. O terminal de passageiros está sendo triplicado e está quase pronto. Mas nada disso aparece nos noticiários das TVs. Só aparecem críticas sobre atrasos e problemas nas obras. Nenhuma imagem do que está sendo feito.
     Aliás a capital federal está um imenso canteiro de obras, com a finalização do Expresso DF, um imenso corredor de ônibus, tipo BRT (Bus Rapid Transport), que vai ligar as cidades satélites da divisa de Goiás até o centro da cidade, melhorando a vida de milhões de cidadãos.
     Depois a mídia reclama quando é chamada de PIG (Partido da Imprensa Golpista). O comprometimento das empresas que dominam a comunicação no Brasil com os projetos políticos da direita, aliada ao imperialismo dos países ricos, está caindo de podre.
     Está na hora de aprovar a nossa Lei de Meios, como os argentinos fizeram, impedindo que poucas famílias dominem e manipulem a opinião pública, para protegerem seus próprios interesses, contra os interesses da nação.

Piadas contadas

HUMOR TRANSATLÂNTICO

Piada Contada: Conta ai



Clique abaixo e assista as piadas:




















sábado, 7 de dezembro de 2013

O legado de Allende

POLITICANDO

O legado de Allende


       Passados 40 anos da morte trágica do presidente Salvador Allende, do Chile, já se pode observar, com um adequado distanciamento histórico, que seu governo lançou bases para uma nova sociedade, que só agora vem sendo compreendida.
      Baseado em um programa denominado tres tercios (três terços),  A Unidad Popular, frente de esquerda que dava sustentação ao governo do presidente socialista, propunha uma economia mista, com um terço dela sob controle do Estado, um terço sob controle privado e um terço nas mãos de proprietários privados, mas sob coordenação estatal, principalmente dos pequenos negócios.
     Colhido pelos intensos embates da guerra fria, Allende não conseguiu implantar seu programa, sendo boicotado pela direita, que não aceitava nenhuma estatização, pela esquerda, que queria estatizar tudo, e principalmente pela interferência dos Estados Unidos, que não acreditavam que seu programa fosse parar por aí, prevendo que o Chile se transformaria logo numa nova Cuba, aliada à União Soviética, desequilibrando a balança do poder mundial.
     Hoje, mais de 20 anos após a queda do comunismo, o capitalismo também vai encontrando seus limites e a apologia do mercado livre vai se revelando cada vez mais uma utopia sinistra, incapaz de promover o bem estar mundial e de conciliar melhoria de qualidade de vida com preservação do meio ambiente com direitos humanos e com a própria democracia, se vista como um processo de inclusão, muito além de simples rituais eleitorais.
     Estamos nos aproximando de uma nova formulação em que a economia deverá ter forte presença do Estado, para controlar os excessos do mercado, mas manter a abertura à iniciativa privada, para evitar a burocratização da economia, que são as duas principais vertentes do autoritarismo.
     Mais do que isso, a nova economia política deverá ser ancorada fortemente nos pequenos negócios, apoiados pelo Estado, em uma educação avançada e fortemente estatizada, e na inovação tecnológica, que passa pelo financiamento público e privado da pesquisa.
     Este conjunto de fatores, aliado à um adequado planejamento ambiental, o que significa também um controle rigoroso do uso do solo urbano, evitando especulações e metropolização desenfreada, em um mundo cada vez mais urbanizado, pode nos levar ao ponto de quilibrio desejado, entre desenvolvimento e qualidade de vida para todos.
     É claro que persistem ainda outros problemas, como a questão dos interesses nacionais, fonte eterna de guerras e conflitos, que só se resolverão com a integração das nações em um só mercado mundial, fortemente regulado e controlado democraticamente.
     Mas em termos nacionais, a política que vai se delineando no horizonte é bastante semelhante à proposta pela Unidad Popular chilena, nos anos 1970, o que mostra o avanço para a época e a dificuldade de ser compreendida na ocasião.
     Eu, que vivi no Chile de Allende e conheci a pobreza em que vivia e ainda vive aquele povo, me espanto ao ver na mídia os comentários sobre as belezas turísticas chilenas e sobre como aquele país se parece com um país altamente desenvolvido, mentira construída insistentemente pela mídia, para justificar o neoliberalismo implantado pela ditadura do general Pinochet, que destruiu a indústria chilena, transformando o país em mero exportado de matérias primas e importador de produtos industrializados.
     Nunca é demais lembrar dos versos de Violeta Parra, quando cantava: Linda se vê la pátria señor turista, pero no le han mostrado las callampitas... (Linda se vê a pátria senhor turista, mas não lhe mostraram as favelas).
     De qualquer forma, apesar do altíssimo preço pago pelos chilenos, eles foram capazes de traçar um rumo que hoje nos parece sólido e lógico. Um legado importante para a humanidade, deste presidente que preferiu morrer lutando pelos seus ideais, a sucumbir às tentações autoritárias oferecidas pela direita e pela esquerda.
    

Vida...

POESIA DA SEMANA




Vida

Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas
que eu nunca pensei que iriam me decepcionar,
mas também já decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
e amigos que eu nunca mais vi.

Amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
e quebrei a cara muitas vezes!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).

Mas vivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida.
E você também não deveria passar!

Viva!!

Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é muito para ser insignificante.


Augusto Branco

Sorteio da Copa do Mundo 2014

PAPO DE ARQUIBANCADA


 Abrindo as bolinhas...


             Meus amigos, finalmente podemos conhecer os grupos e os jogos da primeira fase da Copa do Mundo no Brasil. Lamento apenas a incoerência no critério adotado pela Fifa para definir os cabeças-de-chave. Lamentavelmente foi desprezada a história das Copas, e, seleções como Holanda, Inglaterra, França e Itália, foram substituídas por Colômbia, Bélgica e a inexpressiva Suíça, no pote número 1. Alheio à discrepância da entidade maior do futebol mundial, vou traçar um raio X dos grupos nas próximas edições do blog.


Enquanto isso, no país do futebol...


            Enquanto acompanhamos atentamente o sorteio da Copa do Mundo, o futebol brasileiro vem apresentando sua decadência interna. Cada vez mais nosso craques estão reforçando as equipes estrangeiras e fazendo do futebol no Brasil um produto desinteressante. Equipes tradicionais, regionalmente, estão afundadas em dívidas e suas imensas torcidas travam um duelo doméstico, onde o título é permanecer numa divisão maior que o outro. Hoje vamos falar um pouco do futebol paraense, onde clubes como Remo e Paysandu - que em 2014 disputarão as séries D e C, respectivamente - beiram o ostracismo e convivem com a indiferença da mídia nacional.
Conheçam um pouco da história desses dois clubes tão tradicionais e com torcidas tão fanáticas e presentes nos estádios.
 
            O Clube do Remo é um clube poliesportivo brasileiro, sediado na cidade de Belém. Fundado em 05 de fevereiro de 1905 como Grupo do Remo, a partir de uma dissidência do Sport Club do Pará, foi rebatizado para seu nome atual em 1914.
É conhecido popularmente como Leão Azul, apelido que faz referência ao mascote e à cor oficial da agremiação, o azul marinho. Costuma mandar seus jogos no Estádio Evandro Almeida, o popular Baenão.

Títulos 

42 Campeonatos Paraense de Futebol
1913, 1914, 1915, 1916, 1917, 1918, 1919, 1924, 1925, 1926, 1930, 1933, 1936, 1940, 1949, 1950, 1952, 1953, 1954, 1960, 1964, 1968, 1973, 1974, 1975, 1977, 1978, 1979, 1986, 1989, 1990, 1991, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1999, 2003, 2004, 2007, 2008.
3 Taças Norte
1 Campeonato Norte-Nordeste
1 Campeonato Brasileiro Série C

         Paysandu Sport Club é um clube poliesportivo brasileiro, sediado na cidade de Belém. Fundado em 07 de dezembro de 1913 por segmentos da elite belenense e antigos membros do Norte Club como um agremiação de remo e futebol, tornou-se um dos principais e mais populares clubes de futebol do Pará e da Região Norte do país.

É também conhecido como "Papão da Curuzu", em referência ao Estádio Leônidas de Castro, onde manda grande parte de seus jogos, juntamente com Estádio Olímpico do Pará, o Mangueirão. Hoje o Papão está completando 100 anos de existência. Parabéns ao Paysandu e a sua imensa torcida. Parabéns ao povo paraense !

Títulos
45 Campeonato Paraense
1920, 1921, 1922, 1923, 1927, 1928, 1929, 1931, 1932, 1934, 1939, 1942, 1943, 1944, 1945, 1947, 1956, 1957, 1959, 1961, 1962, 1963, 1965, 1966, 1967, 1969, 1971, 1972,1976, 1980, 1981, 1982, 1984, 1985, 1987, 1992, 1998, 2000, 2001, 2002, 2005, 2006, 2009, 2010 e 2013.
2 Campeonatos Brasileiros Série B
01 Copa Norte
01 Copa dos Campeões


Puro sarcasmo !


           A torcida do Bahia esgotou os ingressos para o último jogo do campeonato brasileiro, serie A, contra o Fluminense do Rio. Para o time tricolor baiano o jogo não valeria absolutamente nada, se não fosse o desespero do time carioca para escapar do rebaixamento. O escárnio da torcida baiana promete mexer com os nervos do time das laranjeiras. Vai ser difícil não sucumbir aos gritos de ão, ão, ão, segunda divisão. Vumbora Baêêaa minha p... !!